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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

a bola filosofal


um filósofo que eu não entendo é um cretino
André Breton

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Este já não é um país de poetas, mas de filósofos.
Muito mais do que pela beleza, os portugueses interessam-se agora pela Verdade. Mas não por uma verdade qualquer; trata-se da Verdade… desportiva, ou mais apropriadamente, futebolística.
O fenómeno é tão participado e empolga tão grande número de cidadãos que até a Marktest já se pronunciou a respeito (é sabido que esta empresa não se pronuncia sobre insignificâncias, nichos de mercado, números residuais, ou seja, bagatelas.).
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Rui Santos é o filósofo que encanta a massas e as elites com o seu verbo redondo e inacreditável. É ele o demiurgo inspirado que lançou preciosidades enigmáticas como: "o futebol deixou de ser geométrico, o futebol é dinâmica” ou “o losango deixou de ter o hibridismo do losango”.
É ele que tutela a demanda dos tugas pela Verdade.
Ele acredita piamente na utilização das novas tecnologias na arbitragem de futebol e por isso lançou também uma petição na internet: “Pela verdade no futebol”. A petição tem “comissão de honra” e já foi assinada pela crème de la crème da boa sociedade lusitana. Ó ié.
Mas, tal como Sócrates (o da Antiguidade) este também é um filósofo controverso. Tem detractores. Estes, embora em número residual, são coriáceos e consequentes. Lançaram, também na internet, uma petição para o mandarem embora.
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É claro que não assinei nenhuma.
-Há demasiadas coisas que me escapam nos fenómenos de massas.
-Também não me interesso mais do que academicamente por qualquer tipo de verdade profunda (eu padeço de um niilismo incurável)
- A animosidade entre cretinos sempre me deixou indiferente.
-E porque, decididamente, há filósofos que eu não entendo.
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